Collado
NA CIDADE
Pelas seis da tarde
tudo é mais frenético,
as raparigas de cabelos
bem penteados,
olhos negros
marcados a eyeliner,
saltos altos
a afirmar as pernas
modeladas,
malas coloridas
imitando marcas consagradas,
correm desvairadas para o metro
que as transporta a casa!
As donas de casa
vergadas ao peso
dos sacos de fruta
e verduras,
já cansadas por um dia de labuta,
pensam devagar, na refeição última,
esperada
pela família esfomeada!
Jovens barulhentos,
vestidos com jeans
à medida da sua bolsa,
tshirts estampadas
com ídolos pop,
bebem nas esplanadas
dos bares,
um fino gelado!
Se há futebol,
come-se francesinhas
e batatas fritas,
no café marcado,
a vitória é colectiva,
o jogo uma catarse
anunciada!
Os turistas sorridentes
fotografam tudo:
D. Pedro IV,
os pombos que nas mesas
da confeitaria Ateneia
comem as migalhas,
a mendiga maltrapilha
que pede e chora
na esquina do Hotel das Cardosas!
Sentado no café habitual
queria fazer parte
de todo este bulício,
continuo só e triste,
à espera que alguém repare
que eu existo!
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