terça-feira, 21 de maio de 2019

MAIO

Jose Gonsalez Collado

MAIO

Escondo-me
na sombra da árvore
evitando o sol,
uma soneira
invade o corpo sem sina,
as mãos abrem-se
na frescura das folhas
dobradas.
A casa ao fundo
meio abandonada,
a brisa sopra,
os vidros brilham
onde tanto olhar passou
a espreitar.
Um amargor na língua,
saudades de um tempo
mal vivido,
de fugas nunca concretizadas.
Ah meninice
ainda dentro de mim
com a mãe chamando
para o almoço:
são sardinhas assadas.
Respiro devagar,
encho os vazios
circundantes e frios,
as papoilas acenam,
vermelhas,
eu bocejo:
que vontade de partir.

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