Avelino Rocha
GAIVOTAS NA CIDADE
A gaivota está à
porta
pendurada no seu
pio fino
de ave líquida e
salgada.
Traz nas penas
sedosas,
brancas, aguadas,
o perfil feudal
da cidade.
Na cinza do duro
granito
a asa clara
é um traço forte
na tela do
pintor da cidade.
Revolteiam
procurando
a comida que
escasseia.
Espantaram os
vendedores de rua,
apregoando ao
lado delas
ganhavam no fim,
os restos,
limpos os cestos
no fim da jornada.
Voavam ao lado
de lenços
coloridos,
aventais bordados,
ginga de rins,
pernas torneadas.
Com o expulsar
de gentes
do casco velho e
agora renovado,
as gaivotas
tristes meio atormentadas
vasculham os
contentores mal fechados.
Traçam circulos
quadrados
voam baixo
não conhecem já
a cidade
no seu perfil
globalizado.
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