quinta-feira, 19 de outubro de 2017

ABANDONO



José Gonçalez Collado
ABANDONO  

ABANDONO

Escapar
sem saber como
ao inferno de Dante,
sem G.P.S.,
sem ajuda de homem,
anjo ou arcanjo.
O corpo enfrentando
chamas que queimam
primeiro a alma
depois o corpo.
Fugir, fugir
sempre para a frente
com poças de lume
a toldar os paços.
Esta angústia sem nome,
um abandono perene
como se a gente do interior
não fosse gente.
Que país este
achando que alguns
não têm direito
ao pão diário.
Cerram-se os dentes
a boca fecha-se
não sai o grito libertário.

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