terça-feira, 12 de maio de 2015

O VELHO LAR



José Gonzalez Collado
O VELHO LAR

Volto todos os dias
à velha casa de pedra,
não tenho outro remédio
é a única que é minha,
Entre o portão de ferro
enferrujado
e a cozinha,
há uma escada esbotonada
que subo
sem qualquer pressa.
Volto
e peso religiosamente
o arroz carolino
que fritarei no refogado
de azeite, alho e cebola.
Abro o frigorífico,
apanho um ovo,
escalfado,
naquele arroz frito,
fará a refeição da noite.
Volto a abrir
o diário das contas,
o ordenado é tão escasso,
a luz, a água,
o vidro partido pela ventania,
a pia entupida,
a missa do sétimo dia,
o IMI para a autarquia,
o passe mensal,
o café e o jornal diário.
Tenho a plena consciência,
só trabalho
para sobreviver.

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