JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO
Sobes a rua cansada,
numa toada apressada,
sacos em ambas as mãos,
nem ouves os palavrões,
dos guardiães do teu bairro!
Medem – te a coxa que balança,
o gingar que embala a dança,
o olhar terno
de seres ainda criança
escrita em letra de fado!
Por piedade,
tréguas nesta cidade,
chega a casa é o leite que falta,
é imperioso lavar a manta,
o fogão já desespera,
para o jantar cozinhar!
Que lindo é o travesseiro,
apara as dores da alma
e dá – lhe alguma calma,
para poder namorar!
Ergue um copo de vinho
bebido de um trago só,
esta noite o quotidiano
não a esmagará!
Colar – se - à a lua
enquanto beberica caldos,
esquentados em fogueiras
que de outra maneira
estariam apagadas!
Arde – lhe o peito
bordado de pássaros,
arena silenciosa
onde cabem todos os desejos!
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