sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

ANO VELHO, ANO NOVO

Salvador Dali
ANO VELHO, ANO NOVO
  
Meia noite
o relógio anuncia repetidamente
o ano acabou.
Um par sai de casa
com uma garrafa de Murganheira
na mão,
têm ânsias, têm sede
de mergulhar na praça,
centro da cidade em festa.
Ardem-lhes os olhos
fixados nos brilhos de néon,
falta-lhes rumo, futuro,
e dançam como se fosse
acabar o mundo.
Sem pressa, ficam
até à última réstia de som,
são mais uns na multidão
a atordoar-se à espera
que o ano comece,
lhe saia o Euromilhões.
Cansados da correria
de baixo para cima,
de cima para baixo,
entram num café,
pedem uma cuba livre
com muito rum,
espreitam a noite morrinhenta,
as contas já foram pagas,
faltam vinte e nove dias
para outro fim do mês.

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