O Porto é um sotaque
agreste, semântico,
um cimbalino
quente
na mesa de
mármore
do café
Progresso,
uma vendedeira
ambulante
de avental e
chinela
que numa frase
vocifera
mais palavrões
que o comum dos
mortais
a vida inteira.
O cauteleiro de
voz rouca
na esquina de
Sampaio Bruno
anunciando
displicente:
amanhã anda a
roda.
Uma francesinha
picante,
generosa,
aconchegante.
Um fino muito
fresco
com espuma na
garganta.
As raparigas
afoitas
de tatuagens nos
braços
com gargalhadas
contidas
a rasgar-lhes a
boca.
Uma nuvem
granítica
espalhada sobre
o Douro,
uma gaivota
atrevida
voando para
novas paragens.
Um labirinto de
ruelas,
enxovais
dependurados
em gastas
janelas.
Garotos jogando
à bola
descalços e
atrevidos
levando pelo
braço os turistas
a comer os
petiscos
típicos do seu
bairro.
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