terça-feira, 27 de setembro de 2016

AMIGOS

Collado

AMIGOS

Os amigos foram aparecendo,
raros, espaçados,
sentando-se sob a mesa,
servindo-se do  vinho branco seco
das torradas de azeite e alho.
Confiei nos amigos,
abri-lhes  as portas,
com o tempo mostraram-se
mais inimigos que amigos.
Agora sou eu e a minha casa,
de quando em vez um ou outro entra,
diz-se amigo do peito
e põe se a jeito para ficar.
Vai e não volta,
cada um na sua vida.
É cerrado o ciclo,
não me lembro já de muitos rostos.
Há sempre alguém que quer voltar
na ilusão de uma suposta partilha,
não os quero aprisionar,
alinho na realidade

que é sozinha.

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