quarta-feira, 26 de agosto de 2015

CAÇADA AO JAVALI

Mário Dionísio

CAÇADA AO JAVALI  

Escolhe-se o feijão manteiga
numa mesa  de pedra sem idade,
o indicador automaticamente
divide para um lado o são
para outro o estragado.
Amanhã é dia de confusão,
reúnem-se os caçadores na cabana
junto à albufeira.
Garbosos nas verdes fardas,
botas de caminheiro,
espingardas a tiracolo.
Tudo é planeado,
a montaria,
a largada dos javalis
e quem fica com os troféus.
Perdeu-se a adrenalina dantes,
o bicho e  o homem
o instinto e a razão,
ganhando o mais astuto.
Aproxima-se a hora da refeição,
o frio é implacável,
ferve a sopa de hortaliça,
apura a feijoada
com enchidos da região.
Corre o vinho do pichel,
fala-se de tudo e de nada,
sabe bem estar ali,
numa grande confraternização,
goste-se da caça ou não.

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