Aurora Simões de Matos
FESTA NA MINHA ALDEIA
Era a hora do foguetório,
tudo a postos:
rebentam estrelas no céu,
os doridos pagadores de promessas,
ombros esgotados,
aguentam o andor
do Senhor dos Passos!
A aldeia em peso
ajoelha,
benze-se devotamente
pedindo uma graça!
Valha-nos o Santinho:
que não arda a mata,
o vinho encha a pipa,
o milho o espigueiro!
A roupa nova,
escondida na arca,
ganha brilho,
depois da missa
a conversa assenta arreiais
no adro da igreja,
bebe-se um café de saco
na tenda da tia Ermelinda!
Come-se avidamente
uma fatia de doce da Teixeira!
De soslaio,
pelo canto do olho,
mira-se a moçoila,
desenvolta,
cheirando a rosas frescas!
Com um bocado de sorte
e algum engenho,
acompanho-a até casa
e peço-lhe namoro!
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