Collado
NATAL DA INFÂNCIA Véspera de Natal
24 de Dezembro,
as meninas de azul,
laçarotes no cabelo,
sapatos de verniz.
Os rapazes de tremelo
e casacos de lã.
Era uma lata velha
resfalgando qual cavalo
a caminho de Argoncilhe.
Num cruzamento
sem sinalização, pum.
A lata velha bate na esquina
de uma drogaria e faz pião.
A criançada excitada grita,
o pai limpa o sangue
do nariz.
A mãe tenta acalmar
a inesperada situação.
Atrasou-se a inauguração
do presépio,
arrefeceram as rabanadas
mas o calor da recepção
da avó Maria manteve-se.
Mesa grande, muita gente,
à hora pertinente
entrou o bacalhau
com infusão de azeite e alho.
O avô António solfejava
sem conhecer uma nota
do tamanho de um camião.
Toda a gente sorria
como se o dia amanhecesse
singular e santo.
O Jesus menino tardava,
a criançada cabeceava
sem querer perder pitada,
sonho ou realidade,
queriam-no companheiro
de brincadeiras,
esconder as prendas
para as abrir
a 25 de Dezembro
enquanto bebericavam
chocolate quente
e comiam coscorões com canela.
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