Victor Silva Barros
HOMENAGEM A UMA PSICÓLOGA
A noite entra pela janela,
fria,
envolta em neblina,
espessa,
como se fosse um segredo,
sem sequelas,
dito ao ouvido
de enamorados!
Eu sei
quando ao vestires-te,
linda,
frente ao espelho,
arranjando pela enésima vez
a franja do teu cabelo,
negro,
costumas rir-te
e nunca vês a escuridão
lá fora,
tendo ainda
o teu turno tardio
a começar
daqui a nada!
Que raio de profissão
ter que ouvir ao telefone
S.O.S. desesperados
de solidão
quando podíamos
beber um copo de vinho
tinto,
e darmos as mãos
enquanto escolhíamos o papel
com que embrulharemos
embasbacados,
as prendas de Natal!
Não te proponho outra arte
porque sei que gostas
das vozes
que ao telefone ouves,
diariamente,
seriamente,
apaixonadamente,
tendo a extraordinária ilusão
que podes ser a salvação
de alguns que gritam socorro!
Maria Olinda Sol
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