Por detrás da perra canela
perfilhado no fundo da Europa,
guerreiro ancestral
sem viseira,
ingenuamente deixando-se
imolar,
por quem vê em nós
mais dez milhões de consumidores!
Envolvido pela neblina
que sopra dos mares dos Açores,
não respira a solidariedade
de quem semeia atoleiros
que não queríamos cá!
Que feio pormo-nos de joelhos
diante do capital!
Sugam-nos, de olhos cerrados,
os proventos tão suados
da jornada laboral!
Tomam decisões,
discutem, opinam,
não explicam porque nos empobrecem
do alto da sua sabedoria
liberal!
Avança a fome
servida em pratos de cristal,
desinfectados,
inspecionados,
visionados,
pelas normas do mercado global!
Pugnemos pelo nosso direito
a carne de porco preto
tostada em brasa quente!
Canecas de cerveja fresca
passando de mão em mão!
Somos filhos de Deus,
queremos cordeiro assado
com batatas e hortelã,
tarte de nozes e coco,
escolas com gerânios à janela,
professores pulando nos recreios,
operários laborando pela manhã!
Venha o mundo novo,
outros dirigentes,
outras leis
e um povo pensador
empunhando liberdade
nas bandeiras desfraldadas
gritando nas janelas de cada casa!
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