quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

RUA MORIBUNDA

Joaquim Durão


RUA MORIBUNDA

Rua estreita
com fachadas esfareladas,
deserta de sentimentos
onde estão as vendedeiras
de violetas?
Quem te quis abandonada
de lojas fechadas
e ausência de gente?
Os poetas ainda passam
por esta rua esquecida
recitando baixinho poemas!
Os namorados tardios
beijam-se às escancaradas
perdidos nesta ruela,
encaixam bem os poemas!
As velhotas debruçadas
nas janelas enferrujadas,
abrem a madrugada
e enxugam devagarinho
o orvalho preso nelas!
Os raros catraios
reguilas, espevitados,
roubam, da frutaria triste,
as maçãs,
que não têm em casa!
A vida é processada
nesta rotina parada,
diária,
as nossas velhas sentadas,
em decadentes esplanadas
tentam que a vida sorria
nesta rua que se apaga!

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